Em novembro de 2010 começou o projeto da Escola de Artes Daniel Néri da Silva. Começamos de forma despretensiosa e não esperávamos muito desse projeto porque estávamos na periferia de Porto Velho. Precisamente, no bairro JK I, onde a música clássica não tem nenhuma representatividade para os jovens dessa região. Aqui eles escutam funk, música eletrônica e sertaneja. Por isso, não esperávamos uma resposta positiva a essa iniciativa no sentido de ensinar música clássica numa escola pública em um dos bairros afastados do centro da Capital.
Qual não foi nossa surpresa quando em pouco tempo aquelas aulas que começaram na experimentoteca da Escola não mais cabiam ali. Precisávamos de um espaço maior para realizar aquela empreitada que parecia impossível de acontecer. Hoje, sete meses depois, o sonho se tornou realidade. Às vezes, quando olhamos para o passado, não acreditamos que conseguimos tanto.
A vida é feita de realizações e o homem nasceu para realizar. E quando não o faz, a vida perde o sentido e a razão de ser. O ano de 2008 foi um ano muito difícil. Havia tomado uma decisão de vida: deixaria a música definitivamente, por decepções ocorridas em Guajará-Mirim. Não tinha nenhum plano de voltar a tocar ou a reger. As coisas só mudaram a partir do momento em que eu percebi no olhar dos alunos a sede de aprender um instrumento clássico. A necessidade gritava e agora passei a trabalhar intensamente e a força da arte falou mais forte. Hoje somos 65 alunos e desenvolvemos um projeto recheado de vitórias e conquistas. Nos falta muito ainda. Hoje temos apenas as cordas e as madeiras e estamos estruturando os metais. A caminhada é dura e temos que ser disciplinados para conseguirmos tudo aquilo que queremos.
Não temos espaço adequado, nos faltam instrumentos e o fundamental que é o apoio dos órgãos do Governo que deveriam estar ao nosso lado. Mas não ficamos lamentando. Vamos em frente e até a vitória, sempre!