Músicas Clássicas

EADN

Minha foto
Porto Velho, Rondônia, Brazil
"As Pessoas devem servir. A vida é uma missão, não uma carreira." Stephen R. Covey

29 de setembro de 2011

VÍCTOR JARA ESTÁ CANTANDO OUTRA VEZ

Neste 28 de setembro Víctor Jara, cantor chileno e da América Latina, celebraria seus 79 anos. Provávelmente comemoraria acompanhado sempre de seu companheiro inseparável que foi seu violão, rodeado de amigos de todas as partes numa memorável festa inesquecível.
Foi a raiva e a insanidade de uma ditadura que converteu o Chile livre de Salvador Allende no inferno criado por Pinochete. Foi este regime insano que tirou a vida de Víctor Jara naquele 16 de Setembro de 1973, doze dias antes de completar os 41 anos.
Víctor Jara era diretor de teatro e um dos principais expoentes  do folclore e da canção de protesto no seu país. Teve seus primeiros contatos com a cultura músical em sua própria casa, graças a sua mãe Amanda, que também cantava e tocava violão. A partir desse instante a música encheria a vida deste homem que nos deixou uma obra e um legado de vida.
As necessidades econômicas de sua família lhe obrigaram desde muito pequeno a buscar no campo o sustento, mas também seria no campo que ele ganharia algo mais: a inspiração para as suas composições.
Sua amizade com um dos grandes símbolos da música chilena, a musicista e folclorista Violeta Parra, lhe ajudou a alimentar sua paixão pela arte de se expressar através da canção. Desde suas primeiras composições:Paloma quiero contarte; Canción del minero, Te recuerdo Amanda, Manifesto e o seu último poema , Somos cinco mil, escrito momentos antes de morrer assassinado no Estádio Nacional do Chile que hoje leva seu nome.
Víctor Jara deixou mais de noventa canções, gravadas em onze discos. Também ficaram quinze obras de teatro dirigidas por ele. Também deixou em suas memórias o seu compromisso confessado em poesia na sua canção "Manifesto"(1973), escrita por ele mesmo no ano de seu assassinato: "Eu não canto por cantar/ nem por ter uma boa voz/ canto porque o violão/ tem sentido e razão(...) Que não é violão dos ricos/ nem coisa que se pareça/ meu canto é dos andarilhos e dos pobres/ para alcançar as estrelas,/ por isso o meu canto tem sentido/ quando palpita nas veias/ daquele que morrerá cantando/ as verdades verdadeiras." O mês de setembro lhe viu nascer e também morrer. Lhe cortaram as mãos para não tocar mais violão e crivaram o seu corpo com quarenta e quatro disparos para silenciar a sua voz, mais felizmente não puderam calar o seu canto e as suas idéias, pois como ele mesmo sentenciava em seu "Manifesto": "Canto que ha sido valiente,/ siempre será canción nueva." Víctor está cantando outra vez na voz dos jovens estudantes que reclamam um Chile mais digno e menos desigual. Um mundo mais justo e mais solidário e junto com eles milhões de gargantas entoam novos hinos de protesto contra a injustiça e a tirania. Até a vitória Sempre.

Sheyla Delgado Guerra
Jornalista do períodico cubano "Juventude Rebelde"


Nenhum comentário:

Postar um comentário