(Ernesto
Júlio de Nazareth) / Rio de Janeiro, RJ 1863 - 1934.
Por:
Maria do Carmo Nogueira da Gama (texto)
e Adalberto Carvalho Pinto (discografia)
e Adalberto Carvalho Pinto (discografia)
Ernesto Nazareth, considerado o
fixador do tango-brasileiro, o Rei do Tango, nasceu no Rio de Janeiro, em
20.03.1863 e faleceu nessa mesma cidade, em 04.02.1934. Começou os estudos de
piano com sua mãe, Carolina da Cunha Nazareth. Com sua morte, em 1873, passou a
estudar com Eduardo Madeira. Em 1877, estudando no Colégio Belmonte - foi
colega de Olavo Bilac - iniciou suas composições. Sua primeira música foi a
polca-lundu "Você Bem Sabe," dedicada a seu pai, Vasco Loureiro da
Silva Nazareth. O professor, encantado com a obra, mostrou-a a Arthur Napoleão,
que a editou e divulgou.
Teve ainda aulas de piano com Lucien Lambert e se
tornou profissional. Compunha, lecionava e vivia do piano. Suas partituras eram
vendidas aos milhares, mas não lhe garantiam a sobrevivência, pela falta de
ordenamento dos direitos autorais. Em 14 de julho de 1886, casou-se com Teodora
Amália de Meireles, e a ela dedicou a valsa Dora, inédita até então.
"Brejeiro," composto em 1893, uma de suas
composições mais famosas, é considerado o marco do tango brasileiro. Em razão
de dificuldades financeiras, Nazareth vendeu os direitos dessa peça para a
Editora Fontes e Cia. por 50.000 réis, o qual chegou a ser gravado pela banda
da Guarda Republicana de Paris. Embora tenha composto obras as quais denominou
de tango-brasileiro, Nazareth fazia uma diferenciação entre o choro e o
tango-brasileiro, esta por ele considerada música pura. Seus tangos-brasileiros
têm a indicação metronômica de M.M. semínima igual a 80 batidas, já no choro, a
indicação é de 100 batidas. Para mostrar essa diferença, Nazareth compôs o
choro "Apanhei-te Cavaquinho." Foi uma das únicas composições que ele
considerou como choro. O mesmo entendimento tinham Chiquinha Gonzaga, Antonio
Calado, Alexandre Levy e outros.
Assim como Rachmaminoff, Nazareth tinha as mãos
muito grandes, o que lhe facilitava compor e tocar acordes acima de uma oitava,
o que torna difícil a interpretação de sua obra, no piano, por aqueles cujas
mãos tem um tamanho normal.
Em 1898 realizou seu primeiro concerto no salão
nobre da Intendência de Guerra, por iniciativa do Clube São Cristovão, do Rio
de Janeiro. Trabalhou no Tesouro Nacional, como escriturário. Em 1917 morre sua
filha, Maria de Lourdes, considerado o primeiro abalo dos inúmeros pelos quais
passou em sua vida. Nesse mesmo ano, atuou como pianista na sala de espera do
Cine Odeon, que foi por ele inaugurado. As pessoas lotavam para ouvi-lo tocar,
mais do que propriamente para ver o filme. Em 1910 já compusera o
tango-brasileiro "Odeon," inspirado naquele cinema. Em 1919 começou a
trabalhar na Casa Carlos Gomes (mais tarde Carlos Wehrs). Executava as
partituras que os fregueses se interessavam em comprar.
Compôs fox-trots, sambas e até marchas de carnaval,
por um breve período, em 1920. Em 1922 interpretou "Brejeiro,"
"Nene," "Bambino" e "Turuna" no Instituto
Nacional de Música, por iniciativa de Luciano Gallet. Participou como pianista,
em 1923 da inauguração da Rádio M.E.C. (antiga Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro). Durante quase todo o ano de 1926 apresentou-se em São Paulo, capital
e interior. Seus admiradores se uniram e deram-lhe um piano italiano de cauda
Sanzin, que faz parte do acervo do Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro.
Nessa ocasião, Mário de Andrade fez uma conferência sobre sua obra na Sociedade
de Cultura Artística, de São Paulo, SP. Retornou ao Rio de Janeiro em 1927, já
apresentando sinais da surdez. Em 1929, morre sua mulher, o que lhe provocou
profundo abalo.
Gravou para a fábrica Odeon, em 1930, o
tango-brasileiro "Escovando" e o choro "Apanhei-te Cavaquinho."
Em 1932, fez várias excursões, principalmente para o sul do Brasil. Com o
agravamento da surdez, tocava debruçado sobre o piano para conseguir ouvir sua
própria música. Em 1933, apresentou graves perturbações mentais e foi internado
no Instituto Neurosifilis da Praia Vermelha, sendo posteriormente transferido
para a Colônia Juliano Moreira.
No ano seguinte fugiu e foi encontrado, 4 dias
depois, afogado em uma represa. Há uma lenda segundo a qual ele teria sido
encontrado morto debaixo de uma cachoeira. A sua postura era impressionante.
Estava sentado, com a água lhe correndo por cima, com as mãos estendidas, como
se estivesse tocando algum choro novo, que nunca mais poderemos ouvir...
(Juvenal Fernandes, in Ernesto Nazareth, Antologia, Ed. Arthur Napoleão
Ltda. AN-2087/88). Dele, disse Villa-Lobos: "Suas tendencias eram
francamente para a composição romântica, pois Nazareth era um fervoroso
entusiasta de Chopin." Querendo compor à maneira do mestre polonês e não
possuindo a capacidade necessária para uma perfeita assimilação técnica, fez,
sem o querer, coisa bem diferente e que nada mais é do que o incontestável
padrão rítmico da música social brasileira. De qualquer maneira, Nazareth é uma
das mais notáveis figuras da nossa música.
Entre os grandes admiradores da obra e da atuação
como intérprete de Ernesto Nazareth, citam-se Arthur Rubinstein, o russo
Miercio Orsowspk, Schelling (que levou suas composições, exibindo-as nos
Estados Unidos e Europa), Henrique Oswald e Francisco Braga. Serviu de tema e de
inspiração a Luciano Gallet, Darius Milhaud, Enani Braga, Villa-Lobos, Lorenzo
Fernandez, Francisco Mignone e Radamés Gnatalli.
Faz parte do repertório de Eudóxia de Barros,
Arnaldo Rebelo, Homero Magalhães, Ana Stella Schic, Roberto Szidon e Artur Moreira
Lima, cujas interpretações eruditas dão à sua obra uma nova dimensão. Maria
Tereza Madeira (piano) e Pedro Amorim (bandolim), lançaram, em 1997 o CD Sempre
Nazareth, pela Kuarup. Ainda nesse ano foi lançado o CD-Rom Ernesto
Nazaré, o Rei do Choro (selo CD-Arte), com mais de 300 imagens do
compositor, depoimentos, notas, discografia, músicas, além de um álbum com 11
partituras para piano das suas principais obras. Ernesto Nazareth significa uma
caso raro de ligação entre o erudito e o popular: não é um erudito, na acepção
da palavra, nem é um compositor apenas popular. Ora se percebe em sua obra um
toque chopiniano, especialmente nas valsas, ora a vibração de uma polca ou de
um choro entranhados do espírito brasileiro.
Algumas obras
Ameno Resedá (polca), If I Am not Mistaken
(fox-trot), Cavaquinho, por que Choras (choro), Desengonçado (tango), Dengoso
(maxixe), Encantador (tango-brasileiro), Rayon d'Or (polca-tango), Genial
(valsa), Helena (valsa); No Jardim (1. A Caminho, 2. Preparando a Terra, 3. A
semente, 4. O plantio - inacabado), marcha infantil, inédita. Expansiva
(valsa); Resignação, valsa inédita.
Discografia
- Radamés
e Aida Gnattali interpretam Nazaret & Gnattali, 1993, Rádio Mec, Kuarup
Discos M-KCD-065
- Ernesto
Nazaré, Artur Moreira Lima (4 vols), 1994-1995, Discos Marcos Pereira 0019/020
- Brasil:
Obras de Ernesto Nazareth e Darius Milhaud, 1996, Marcelo Bratke, Olympia
946062
-
História da Música Popular Brasileira, Abril Cultural (nas 3 edições)
Bibliografia
Enciclopédia da Música Brasileira, Art
Editora-PubliFolha, 1998
Ernesto Nazareth, Antologia, Ed. Arthur Napoleão
Ltda.
Nova História da Música Popular Brasileira, Abril
Cultural, 1977
AVISOS IMPORTANTES
01. Esta semana é importante que você passe na Coordenação da EADN para pegar sua autorização para a viagem.
02. Informamos que nesta semana, nosso ensaio será quinta feira as 17.45 Hs.
03. O curso sobre Marxismo-Leninismo se encontra com inscrições abertas até o dia 28/03/2013.
04. Evite faltar aulas e ensaios. Se preciso for faltar, faça seus acertos com atecedência como o seu monitor e com a Coordenação.
05. Ainda Não foi possivel publicarmos as notas da disciplina História da Música I, pois alguns alunos ficaram pendentes sem terem feito a prova. Até o final desta semana publicaremos neste blog o resultado.
06. A EADN está comemorando juntamente com todos os brasileiros os 150 anos do grande músico Ernesto Nazareth. Ele é o homenageado desta semana. Infelizmente em nosso pais, pessoas como ele passam despercebidas. A falta de cultura agraça o Brasil, e os valores com aquilo que é nosso se perderam no tempo. Mais Ernesto Nazareth para nós da EADN é eterno e vamos proclamar seu nome e sua música por onde passarmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário