Para
os detentos que vivem submetidos a 22 horas diárias de confinamento foi
um presente formidável, que sem dúvida lhes confortou a alma e quebrou a
severa rotina diária a que estão sujeitos. Para o sistema penitenciário
nacional é uma experiência inédita, que nasce aqui no Estado de
Rondônia, na Amazônia Ocidental, por iniciativa e ação conjunta do
juiz-corregedor do presídio federal rondoniano, Marcelo Lobão, da Escola
Estadual Daniel Neri, dos pastores da igreja adventista, Enoque e
Arlindo, do apoio do Consórcio da Usina Santo Antônio, alguns empresário
da construção civil, Defensoria Pública, Ministério Público Federal e
do diretor geral da Penitenciária Federal, Jones Leite. Há quatro
penitenciárias federais no Brasil: além das situadas em Campo Grande
(MS) e Mossoró (RN), existem a de Catanduvas (PR), e a de Porto Velho
(RO), que está lançando pela primeira vez um projeto de audiência e
formação de grupo musical dentro do estabelecimento prisional federal.
Sobre
a nascente do projeto declarou o magistrado Marcelo Lobão: “Eu fui juiz
auxiliar do Conselho Nacional de Justiça, coordenando mutirões
carcerários até o início do ano passado e tive a oportunidade de
conhecer projetos de sucesso em todo o Brasil, relacionados à reinserção
de presos, e observei que os projetos sociais passam por quatro eixos
principais: primeiro é qualificação profissional; segundo: a atividade
produtiva, que é uma oportunidade do preso produzir renda dentro da
unidade; terceiro, a disciplina; e por fim a humanização do sistema. A
idéia é que esse projeto da música faça parte de um programa maior de
reinserção, relacionado exatamente à qualificação, ação produtiva do
preso e à disciplina, que já existe e é um sistema muito bom na unidade,
e é recebido pelos internos sem grandes problemas. Agora é preciso
colocar em prática o trabalho de humanização. A Escola de Artes Daniel
Neri integra esse projeto maior de reinserção social.”
Avaliando
a apresentação musical feita no presídio, disse o magistrado: “Nós
percebemos que a recepção foi muito boa por parte dos internos, ficamos
entusiasmados, não só nós como os integrantes da escola, o regente da
orquestra e os agentes penitenciários; foi uma surpresa muito boa, eu
tenho certeza que vai haver uma disputa interna pelas vagas, que são
limitadas, infelizmente. Além disso, compreendemos que eles entenderam a
importância do projeto, inclusive para a manutenção da ordem interna.
Eles aplaudiram o projeto e abraçaram a causa. Então, agora é implantar a
idéia e criar um grupo de estudo musical dentro do presídio. A música e
a arte, ajudam a devolver ao preso a capacidade de se sensibilizar e de
ter afeto pelo outro. Nós precisamos de apoio da comunidade local, da
sociedade civil organizada, dos empresários, do poder público; enfim,
todos nós precisamos dar as mãos para que possamos implantar esse
projeto.” Para o diretor geral do presídio, Jones Leite, o projeto tem
grande importância, “graças a iniciativa brilhante do juiz-corregedor,
porque o sistema penitenciário é conhecido pelo seu rigorismo e esse
projeto vem sensibilizar o detento, ofertando novas possibilidades na
vida carcerária diante de tantas coisas que lhes são impostas e que
tendem a tornar o ser humano um pouco frio no decorrer do anos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário